segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Um Feliz 2008


" Um estranho é apenas um amigo que ainda não se conhece."

Margem Simpson - Os Simpsons


Desde pequenos habituamo-nos a ver os estranhos como uma potencial ameaça. Talvez seja algo gravado na natureza do ser humano, algo herdado dos nossos antepassados primitivos quando os estranhos seriam alguém com quem a tribo teria de lutar pelo seu território ou de quem teria de proteger a sua fonte de alimentos. Esta desconfiança face aos estranhos é certamente um mecanismo de defesa da espécie humana. Mas será que se justifica? Apesar de tudo quero acreditar que um estranho tem mais hipóteses de ser alguém amigável do que de ser uma ameaça. Num mundo cada vez mais povoado assiste-se frequentemente ao fenómeno da solidão. Cada vez mais pessoas vivem existências solitárias no meio de uma multidão. Mesmo havendo tantos meios de comunicação, encontram-se pessoas cada vez mais perto e ao mesmo tempo mais distantes, pessoas de grandes cidades inundadas de gente que vivem como se estivessem em ilhas desertas. Faz lembrar aquele anúncio de iogurtes em que as pessoas depois de beberem o iogurte ficavam dentro de uma bolha que as protegia. Um escritor(penso que foi José Saramago) disse um dia algo como: O homem vai à Lua, revela as superfícies de Marte e as profundezas dos oceanos mas falta ainda realizar a grande viagem, a viagem ao coração do próprio homem.

Acredito que existem muitos amigos por ai apenas à distância de uma simples palavra.

Que 2008 seja um excelente Ano para todos nós. E que, mais logo, quando 2007 se despedir e 2008 entrar com os seus doze meses novinhos em folha, ao som do fogo de artifício se junte também o som de muitas daquelas bolhas a rebentar.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Perspectiva

"Um bichinho pequenino, de focinho pontiagudo, caminha muito decidido sobre a página que escrevo, dirigindo-se sem dúvida para algum lugar. Não estaremos nós também a trepar a página de algum caderno cósmico ? E tudo o que nos acontece não fará parte de uma mensagem que poderíamos compreender, se encontrássemos a perspectiva certa ?"
Richard Bach - Nada ao Acaso
Dedico esta postagem ao magnífico blog Perspectiva (e à sua não menos magnífica autora) que de certa forma me inspirou e despertou a paixão pela escrita em blog.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Há muitos, muitos anos...


“Há muitos, muitos anos, numa terra distante e triste, havia uma enorme montanha de rocha negra e agreste. Ao pôr-do-sol no cume dessa montanha, desabrochava todas as noites uma rosa que imortalizava quem a colhesse. Mas ninguém se atrevia a aproximar dela, pois seus espinhos estavam cheios de veneno. Os homens falavam entre si sobre o seu receio da morte e do sofrimento mas nunca da promessa de vida eterna. E todos os dias a rosa murchava incapaz de oferecer a sua dádiva fosse a quem fosse, esquecida e perdida no cume daquela montanha de pedra fria para sempre só até ao fim dos tempos”
História contada por Ofélia (Ivana Baquero), a personagem principal do filme O Labirinto do Fauno realizado por Guillermo del Toro

domingo, 2 de dezembro de 2007

Um segundo no mundo


Num segundo uma idosa olha com saudade o retrato do seu falecido esposo, um soldado decide não disparar, uma recordação surge, uma mão encontra outra, uma mãe ouve o choro do seu filho acabado de nascer, dois olhares cruzam-se e trocam mensagens secretas, um mendigo recebe e dá algo, uma avó abraça com ternura o seu neto, um tesouro é finalmente descoberto, uma recordação aquece o coração, uma toxicodependente decide libertar-se de uma agulha que teimou em entrar constantemente nas suas veias, um pastor divide o almoço com o seu fiel cão, um postal traz notícias de um amigo distante, um míssil não é lançado, dois corpos e duas almas tornam-se um só, um sonho torna-se realidade, uma prisão abre-se, uma ecografia revela o sexo de um bebé, uma vela acende a esperança no coração de alguém, duas vizinhas compartilham um chá de camomila acompanhado de uns biscoitos, dois apaixonados gritam ao mundo o seu amor, é escolhido um presente para uma pessoa especial, uma árvore é iluminada…

Num segundo uma estrela cadente percorre o céu e lembra que é Natal.

sábado, 1 de dezembro de 2007

*Chegou o Natal*

Chegámos ao mês desta festa tão especial. Aqui fica um "cheirinho" de Natal através de pequenos fragmentos de filmes que, de certa forma, comemoram e contam histórias desta época mágica...

FELIZ NATAL

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Estrelas que tocam o chão...


Algures num infantário da vila de Vidigueira um menino fez um desenho curioso. Um desenho que causou grande admiração entre as outras crianças e despertou a curiosidade da própria educadora. A criança tinha desenhado um céu cheio de estrelas mas algumas dessas estrelas estavam tão próximas do chão que chegavam a tocá-lo com os seus pequenos raios.
As outras crianças diziam que o desenho estava mal feito, que as estrelas não estavam no lugar delas e que não podiam estar tão em baixo.
O menino estava confuso e não percebia a razão de toda aquela admiração. Dizia que era assim que ele via as estrelas todas as noites.
Depois de pensar um pouco a educadora entendeu então o menino. Era uma criança de raça cigana e, de facto, à noite quando ela estava no seu acampamento longe das luzes e dos edifícios da vila, as estrelas brilhavam de forma mais intensa, a fina linha do horizonte que delimita o céu e a terra como que se diluía e de forma quase misteriosa desaparecia. O céu e aterra misturavam-se, confundiam-se e por vezes não se sabia bem onde terminava um e começava o outro. Assim havia algumas estrelas que pareciam tocar no chão. Era assim que aquela criança via normalmente as estrelas.
Ofuscados pelas luzes das nossas cidades e ocupados pelas nossas rotinas esquecemo-nos por vezes da forma como as estrelas continuam a brilhar acima de nós e de como elas por vezes parecem tocar a terra.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Escrever...

"Por mais que fujamos, sempre chega aquela hora em que nada mais nos resta senão escrever, escrever e escrever, namorar ideias e emoções. Continuar a escrever. Ter sempre vivo o sonho de escrever.
Não tomar remédio para baixar a febre de escrever.
Escrever para quê? Sobre o quê? De que modo? A que preço? Com todas as forças? Com quais fraquezas?
Esses e aqueles deslimites.
E o desejo vasto de encantar. Quem escreve quer encantar.
Já entendeu que é feiticeiro? Ou fada ou bruxa ou brincante?

Prepare o seu caldeirão de ritmos, sons, sabores, cheiros e substâncias.
Quem quer escrever, escreve. Principalmente, se terminou de ler um livro maravilhoso. Um livro maravilhoso escreve outros livros dentro da gente.
É preciso saber ler esses livros dentro da gente."

Stela Maris de Rezende - Esses livros dentro da gente

domingo, 4 de novembro de 2007

Árvore dos sorrisos

A árvore dos sorrisos tem frutos com as mais diversas formas e sabores. Existem sorrisos quentes e doces, sorrisos frios que nos congelam, sorrisos amarelos, sorrisos que nos embalam suavemente ao som de melodias inesquecíveis, sorrisos pelos quais vale a pena esperar mil e uma noites, sorrisos que aquecem o coração nos dias frios de inverno, sorrisos que ao cair semeiam muitos mais sorrisos, sorrisos que marcam a sua presença, sorrisos que se escondem timidamente por entre as folhas, sorrisos que fazem sorrir, sorrisos que fazem chorar, sorrisos capazes de mover gigantescas montanhas, sorrisos que escondem pequenos segredos, sorrisos com espinhos que ferem os dedos ao tentar descascá-los, sorrisos que iluminam tudo à sua volta, sorrisos que falam sem palavras, sorrisos que encantam qual encantador de serpentes, sorrisos ternos que contam histórias antigas por vezes mil vezes contadas mas sempre com um gosto diferente e maravilhoso, sorrisos bússola que orientam marinheiros nas noites sem luar e sem estrelas, sorrisos com cafeína que nos afugentam o sono e nos fazem sonhar acordados, sorrisos que fortalecem e despertam um herói escondido no coração de alguém, sorrisos que valem por uma eternidade…
Algures no nosso quintal todos temos uma árvore dos sorrisos. Todos já provámos alguns dos seus frutos exóticos.
A árvore dos sorrisos quer-se bem regada todos os dias ao nascer e ao pôr-do-sol...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Sonhar...

Deixou
Na berma da estrada
Um resto de tudo
Um rasto
De tudo o que era seu
E nada lhe dizia
Adeus

E nem olhou
Por cima do ombro
Por cima da vida
Por baixo dos sonhos
Que há muito as incertezas
Perdeu

Atrás de si só terra
Queimada pelo vício
De esperar muito mais de si
Atrás de si só um sinal
Que os homens lhe mostraram "o mundo para ti termina aqui"

Em frente
Tanto mais é longo
O dia
Quanto mais for cega
A falta de paixão
Que se transforma em frio
E dor

Sonhar
Mesmo sem dormir
Mesmo sem ser noite
Mesmo sem ter dias
Mesmo sem sonhar
É como se outra vida
Vier

O coração só se nega
Quando o sonho se entrega
P´ra se desesperar
Por cada desespero um sonho
Por cada sonho uma vontade
De se ressuscitar

Voltou
Por cima de tudo
Desfraldando vida
Cavalgando o sonho
E na berma da estrada
Nem ele se lembra
De si
Por Cima da Vida - Luís Represas

sábado, 20 de outubro de 2007

Era uma vez...

Princesas (sorridentes) desenhadas por crianças do Patronato de Santo António - Beja 2005

Olhos postos no ecrã, uma caneca de leite com chocolate quente numa mão e um papo-seco com fiambre na outra. Aguardava-se o momento mais esperado do dia. O momento que de certa maneira marcava o início das actividades lúdicas, por outras palavras, a brincadeira, que se estendia até à hora do jantar. Depois dos trabalhos de casa feitos, tabuadas, números romanos ou palavras repetidas o número de vezes que o humor do professor ditasse nesse dia, chegava a hora pela qual todos esperavam. Numa altura em que parecia impossível que houvesse um dia canais de televisão só de desenhos animados, em que o DVD ainda não tinha surgido e os vídeos ainda estavam a aparecer timidamente, aquela hora de desenhos animados era visto como um pequeno tesouro, aproveitado até á ultima moeda de ouro. O programa passava num dos dois únicos canais existentes na altura e tinha o título apropriado de “Brinca Brincando”. Houve uma história em particular que ficou na minha memória, uma história que se prolongou por vários episódios e que intrigava a mim e toda aquela trupe de amigos que se juntava com uma assiduidade exemplar. Como quem conta um conto acrescenta um ponto e tendo em conta que não me lembro de alguns pormenores da história tomo a liberdade de preencher os espaços em branco. Então era assim:

Era uma vez uma princesa que vivia num reino longínquo. Esta princesa tinha uma beleza inigualável, mas tinha algo que intrigava todo o reino: nunca sorria, nada a fazia sorrir.
O rei preocupado com a tristeza da sua filha não sabia mais o que fazer. Era um rei poderoso dono de uma riqueza que fazia inveja aos reis dos reinos vizinhos. Certo dia decidiu mandar mensageiros em todas as direcções. Tinham ordens para que avisassem todos os reinos pelos quais passassem que o rei oferecia metade da sua fortuna a quem fizesse sorrir a sua filha. Além disso, quem conseguisse essa proeza poderia casar com a princesa.
Alguns dias depois começaram a chegar príncipes, duques, marqueses, condes e barões. Vinham de terras que nem o próprio rei conhecia. Cada um usava a sua opulência, o seu poder e os seus dons na tentativa de impressionar a princesa. Traziam-lhes os palhaços mais hilariantes do mundo, grupos de bailado, animais exóticos, mostravam-lhe diamantes raros, faziam esculturas e quadros da princesa, exibiam a sua própria beleza desfilando em magníficos cavalos, exibiam grandiosos espectáculos de pirotecnia…
A princesa mantinha o seu ar sereno sem nunca esboçar nem um pequeno sorriso …
O tempo ia passando, e os candidatos para despertar o sorriso da princesa iam sendo cada vez mais escassos. O povo tecia os mais diversos comentários:

- A princesa é uma menina mimada e embirrante!

- Diz que a moça não é muito boa do sentido, caiu do berço quando era pequena…

- É uma princesa muito estúpida, mal empregada coroa.

Desanimado e exausto o rei, sentou-se no seu jardim. Com o olhar firme no chão, viu aparecer uns pés descalços:

- Consigo fazer sorrir a princesa!

O rei olhou para cima e viu de quem era aquelas palavras que despertavam no seu coração uma pequena centelha de esperança. Era um jovem pobre, de roupas gastas pelo uso, que ganhava a vida cuidando daquele jardim, o jardim dos passeios de final de tarde dos reis. No olhar tinha a força inabalável da certeza com que dizia as suas palavras, e isso foi o suficiente para o rei permitir que o jovem tentasse.
Foi chamada a princesa ao jardim. O jovem nunca tinha visto tamanha beleza numa mulher. Por momentos ficou como que hipnotizado olhava para aqueles cabelos negros como a noite, uns olhos que pareciam mudar de cor cada vez que um raio de sol os encontrava, e uns lábios que…continuavam sem sorrir.
- Estou à espera – disse o rei impaciente.

Então o jardineiro retirou uma pequena caixa de madeira do seu bolso entregando-a à princesa. Lentamente a princesa abriu-a. E de lá de dentro saiu o objecto mais inesperado, um par de óculos. A princesa examinou aquilo, intrigada, e colocou-os. Então algo mágico aconteceu, pela primeira vez na sua vida conseguia ver as cores, as formas tudo com uma nitidez que ela julgava não existir. Reparava nas flores daquele jardim, nos pássaros, nos reflexos da água do lago e naturalmente um sorriso começou a sair dos seus lábios, e outro e outro. E desde esse dia a princesa sorria todos os dias.
Como em todos os contos, a princesa casou com o jardineiro, viveram felizes para sempre (pelo menos até prova em contrário, tenho estado atento à imprensa cor de rosa e parece que assim continuam) e tiveram muitos filhos, todos com nomes tão compridos que tinham de ter uma lista telefónica só para eles.
Como todas as histórias esta história também dever ter uma moral. Como em todas as histórias cada um lhe retirará a sua própria moral. Na minha opinião ela mostra como a beleza está essencialmente nos olhos de quem a vê.

Terminada a história as portas da imaginação ficavam abertas e tinha início a brincadeira…

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Viagem

Cabo Espichel - Junho 2007


"Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar."
Viagem - António Gedeão


quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Coragem

(Do latim cor, coração.)
Kofi Annan. Foi, entre 1 de janeiro de 1997 e 1 de janeiro de 2007, o sétimo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, tendo sido laureado com o Prémio Nobel da Paz em 2001.


"Ajam de acordo com os vossos ideais; explorem fronteiras onde pessoas mais velhas, sensatas e cautelosas poderão não o fazer.
O fracasso faz parte do sucesso, se não falharmos de vez em quando, é porque provavelmente não nos estamos a esforçar o suficiente.
A coragem não significa falta de medo, porque só os tolos não têm medo, signica fazer coisas, apesar do nosso medo.
Confrontem esses medos, corram riscos por aquilo em que acreditam, porque só assim saberão do que são capazes..."

Kofi Annan


Guardo este texto há tanto tempo que nem me lembro bem quando, nem mesmo, como foi que chegou às minhas mãos. Porque o guardei? Não sei, talvez seja por, de vez em quando, a nossa coragem necessitar de despertar ao som de palavras como estas...

domingo, 30 de setembro de 2007

Evasão



“Estas muralhas têm um estranho efeito. Primeiro odiamo-las. Depois habituamo-nos a elas. Quando passa muito tempo ficamos dependentes delas.”

(Red (Morgan Freeman) – Os Condenados de Shawshank)



Andy Dufresne (Tim Robbins), nos seus primeiros
momentos de liberdade após a fuga


Os Condenados de Shawshank é uma óptima adaptação para cinema da obra de Stephen King com excelentes interpretações de Tim Robbins e Morgan Freeman. Retrata a história de um homem inocente que é injustamente condenado a prisão perpétua. Ao contrário dos outros prisioneiros ele recusa a conformar-se e a deixar de ter esperança de um dia ser livre. De forma serena e discreta ele prepara a sua fuga ao longo de anos surpreendendo todos quando um dia a realiza.
As sociedades criam muralhas, barreiras físicas, muros de preconceitos, verdades que acreditam ser únicas e inquestionáveis. Ao fazê-lo sentem-se seguras, o seu mundo fica então organizado e previsível dando-lhes uma falsa sensação de harmonia. Talvez seja uma forma de as pessoas conseguirem viver menos amedrontadas ou talvez necessitem dessas muralhas para que possam viver sem correr riscos imprevistos.
Mas estranho efeito essas muralhas têm: em vez de proteger, isolam os homens, criam verdadeiras políticas de medo entre as nações, aumentam o fosso entre os ricos e os pobres e as desigualdades sociais, semeiam ódios baseados na raça, sexo ou religião criando ciclos intermináveis de violência.
De vez em quando alguém consegue fazer uma abertura através da muralha e passar para o outro lado. Aí consegue ver o quão ridícula é essa muralha, descobre que não existem verdades absolutas, surgem ideias inovadoras e a humanidade dá um passo em frente na direcção da tolerância, da liberdade e igualdade. Tal como o protagonista desta história levou anos a fazer um buraco através da parede da prisão com um pequeno martelo cinzelador, estas muralhas levam também, algumas delas, muito tempo para serem ultrapassadas requerendo perseverança e luta. Aquele que o consegue fazer será para uns, um herói, para outros um louco. Depende talvez do lado da muralha onde cada um se encontra.
Não sei como cada um pode colaborar para a destruição dessas muralhas. Talvez, se cada um de nós contribuir abrindo nem que seja um pequeno orifício nessas grossas paredes, mesmo algo que apenas permita dar um vislumbre daquilo que se pode esconder lá atrás, quem sabe com o conjunto de todas essas pequenas aberturas as muralhas acabem por se enfraquecer e se desmoronar. Talvez devamos começar por destruir as nossas próprias muralhas pondo à prova os nossos limites, livrando-nos de conformismos e preconceitos, pensando livremente abrindo assim caminhos nunca antes percorridos .

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Ainda o Amor...



"...pois a Vida, com todos os seus momentos
de alegria e de tristeza
e esperança, e medo,
é apenas a oportunidade para aprender o Amor
como o Amor pode ser, como foi, e
como é."

Henry Drummond- The Greatest Thing in the World






quarta-feira, 26 de setembro de 2007

All You Need Is Love - Movie Mix

"Ao toque do amor, qualquer um vira um poeta".
- Platão

Beja recebe emtre 28 a 30 de Setembro a segunda edição do Festival do Amor. Durante três dias o centro histórico da cidade de Mariana Alcoforado abraça e celebra o amor nas suas mais variadas vertentes.

O que é o amor? Acho que poderia encher este blog com definições e explicações e mesmo assim essa pergunta nao ficaria totalmente respondida. A razão talvez seja porque o amor não se explica, sente-se.

O amor sempre foi um dos temas principais da sétima arte, tal como o é na vida real. Aqui fica um pequeno brinde ao amor.

domingo, 23 de setembro de 2007











Livros e pessoas

Conhecer alguém tem algo em comum com a leitura de um livro.

Tudo começa numa prateleira de uma livraria ou biblioteca. Um livro chama o nosso olhar, algo nos faz aproximar dele, segurá-lo, ler o seu título, sentir o cheiro das suas páginas… Lemos o pequeno resumo da história que ele tem para nos dar, abrimos o livro numa página qualquer e espreitamos curiosamente as suas frases. Depois surge aquele momento determinante, o momento em que decidimos se iremos dedicar algum do nosso tempo àquele livro ou se nos basta aquele pequeno fragmento.

Há livros que se lêem num abrir e fechar de olhos, livros maçudos que obrigam a repetidas viagens aos capítulos anteriores, livros pequenos com grandes histórias, livros com capas duras e pesadas (qual armaduras) difíceis de abrir, livros que expressam os mais complexos sentimentos com as mais simples palavras, livros que se tornam verdadeiros companheiros para toda a vida, livros com o poder de gravar frases no nosso coração, livros que relemos vezes sem conta e em cada leitura descobrimos um pequeno detalhe que nunca tínhamos reparado e que nos maravilha ainda mais …Há pessoas assim também.

O que nos leva a escolher um livro e não outro será sempre um mistério, dependerá talvez da nossa história, da história que queremos ouvir ou da história que precisamos ouvir em determinado momento. Conhecer um livro assim como conhecer uma pessoa é sempre uma aventura encantada que nos revela novos mundos e nos faz descobrir também um pouco sobre nós mesmos.




quarta-feira, 19 de setembro de 2007




Opostos


A vida usa aquilo a que chamo “lição dos opostos” para nos lembrar o valor de coisas a que por vezes não damos o devido valor. Assim: usa os momentos de solidão para nos mostrar o quão importante é ter amigos, mostra-nos como não se deve amar para descobrirmos como realmente se ama, dá-nos o silêncio para que possamos saborear melhor cada música e cada voz, por vezes aprisiona com prisões de ferro ou de pensamento para que possamos encontrar os caminhos para a liberdade, oferece-nos o sabor da derrota para que as nossas vitórias sejam comemoradas mais intensamente, mostra-nos como por vezes o doce não é tão doce sem o amargo e que os raios de sol depois de uma tempestade têm um brilho especial.

terça-feira, 11 de setembro de 2007




" A melhor música é aquela que as pessoas fazem quando falam."

Nicolás Bona Ventura - contador de histórias



Como frequentador mais ou menos assíduo das noites de contos realizadas na biblioteca de Beja recomendo vivamente uma visita a mais uma edição das "Palavras Andarilhas", tradicional Encontro de Aprendizes do Contar, a realizar-se de 17 a 23 de Setembro.
Escultura em areia presente no V Festival Internacional de Escultura em Areia FIESA 2007

"Triste de quem vive em casa,
Contente com seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que lição da raiz -
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem! "


Quinto Império - Mensagem (Fernando Pessoa)



“As Virgens Que Fazem Muito Caso do Tempo

Apanha os botões de rosa
Enquanto podes.
O tempo voa
E esta flor que hoje sorri
Amanhã estará moribunda.

-Em, latim o termo para este sentimento é carpe diem (aproveita o dia) … Porque somos pasto para vermes, rapazes. Acreditem ou não todos nós nesta sala um dia vamos deixar de respirar, vamos ficar frios e morrer”


Assim começa a primeira lição do professor John Keating (interpretado por Robin Williams) no filme com o nome: Clube dos Poetas Mortos. Neste fantástico filme um professor de inglês é admitido num colégio particular para rapazes, os seus métodos de ensino pouco convencionais irão revolucionar as tradicionais práticas curriculares. Com a sua sabedoria e talento, este professor inspira os seus alunos a perseguir as suas paixões individuais e a tornar as suas vidas extraordinárias.
Carpe diem, esta simples frase resume não só este filme como também uma filosofia de vida. Curiosamente esta expressão aparece já em textos do poeta romano Horácio (65-8 AC): Carpe diem, quam minimum credula postero (colha o dia, confia o mínimo no amanhã). Para mim esta expressão tem a ver com não deixarmos que a chama dos nossos sonhos se apague. Muitas das vezes deixamos para trás alguns sonhos, esquecidos, postos em segundo plano por uma rotina ou simplesmente constantemente adiados para um futuro incerto. Esta pequena frase invoca a capacidade de lutarmos pelos nossos sonhos, de seguir os nossos ideais e de tornar diferente cada dia.
Este filme recorda-me também todas aquelas pessoas que em determinado momento aparecem na nossa vida e que têm o poder de despertar uma pequena estrela adormecida do nosso ser, de nos alargar horizontes e de tal como o professor do filme, nos incentivar a subir para cima da mesa para ter outra perspectiva do mundo.