Há tempos li uma entrevista sobre um homem com o nome de Dean Karnazes. Este homem é conhecido por ousar desafiar os limites do corpo humano, já tendo conseguido proezas como correr mais de 500 km sem parar, durante mais de 80 horas ou ter feito 200 km em menos de 24 horas sob temperaturas superiores a 50 graus. Começou a correr aos trinta anos, precisamente na noite do seu 30º aniversário, quando ao sair de um bar decidiu mudar de vida e fazer algo louco. Nessa noite correu 48 km.
Questionado sobre qual a técnica mental que utiliza para atingir os seus objectivos ele responde assim: “Eu uso a técnica à qual chamo de baby steps. Em vez de pensar na distância que ainda falta percorrer, que pode ser difícil e exaustiva, quase arrebatadora, focalizo-me apenas num passo de cada vez. Mesmo que ainda tenha centenas de km à minha frente para percorrer, não penso nisso. Focalizo-me no momento e dou um passo de cada vez. Há duas hipóteses: ou continuamos em frente ou desistimos. De qualquer forma é sempre uma aventura!”.
Penso que esta é uma técnica válida não só para a corrida mas para a própria vida. Muitas vezes estamos tão obcecados em atingir determinadas metas que nos esquecemos de abrandar o passo e olhar em volta, ver o sol que se está a pôr, sentir o vento na nossa cara ou falar com quem nos acompanha nessa corrida. Quando apenas nos preocupamos em chegar à meta final a corrida parece não ter fim, apenas queremos saber se estamos quase a chegar parecendo crianças num banco de trás do automóvel que perguntam de quinze em quinze minutos se já chegaram ao destino. Por outro lado, quando nos abstraímos do principal objectivo e, embora continuando a caminhar, apreciamos aquilo que vai surgindo pelo caminho a corrida torna-se mais agradável e quando damos por nós estamos a cortar a meta ao som de uma banda filarmónica.