Robin Williams no filme Patch Adams realizado por Tom Shadyac em 1998
Precisam-se de médicos!!! Médicos
de verdade. Não de médicos que se crêem senhores de uma sabedoria infinita que
os tornam superiores ao comum dos mortais. Não de médicos que evitam olhar nos olhos
dos seus doentes, que se escondem detrás de receitas e canetas caras, que
evitam conversar para além do estritamente necessário com os seus utentes e
fogem a sete pés das famílias dos mesmos, não de médicos que vêm apenas cifrões
e mudam do dia para a noite quando se trata de consultas privadas, não de
médicos que se acham melhores que todos os outros profissionais de saúde e os desrespeitam
frequentemente, não de médicos que tratam órgãos esquecendo que os mesmos são
parte de um todo.
Precisam-se médicos! Médicos que
não tenham deixado endurecer o seu coração. Médicos que tenham escolhido
medicina por amor, por quererem realmente ajudar quem precisa, que usem os seus
conhecimentos sem fazer contas aos ganhos monetários que possam ter ou não, que falem com os seus
doentes e famílias com respeito, que esclareçam dúvidas e minimizem medos que inevitavelmente
surgem em situações de doença. Que se preocupem com as pessoas que estão há
horas numa sala de espera. É destes médicos que se precisa. Felizmente eles
existem. Infelizmente não no número que deveriam existir, mas existem eu
próprio já cheguei a ver grandes médicos a chorar pelos seus doentes.
Existe a velha desculpa, “à e tal há que
manter a distância para nos protegermos”. É compreensível e até aceitável. Não
se pede que aos médicos se envolvam emocionalmente com cada doente que tenham
de tratar, até porque seria altamente desgastante, pede-se sim que não se
esqueçam que estão a tratar de seres humanos. A pessoa em situação de doença
está frágil e vulnerável. Imaginem-se por momentos na mesma situação e ajam de
forma a tratar essa pessoa da mesma maneira que gostariam de ser tratados. Há
quem diga que a competência não tem de andar de mão dada com a simpatia. A palavra-chave
aqui não é simpatia mas sim empatia. E para mim um médico só será realmente competente
se para além de todos os seus conhecimentos for capaz de estabelecer uma
relação empática com o utente.