sábado, 22 de janeiro de 2011

Sobrevivência

Aron Ralston - Alpinista

“Entrevistas com milhares de sobreviventes dos campos de concentração alemães da segunda guerra mundial demonstraram a extraordinária capacidade de resistência do corpo humano quando guiado pelo espírito. Os nossos corpos são máquinas muito complexas, mas, mesmo quando submetidos às mais confusas e degradantes condições, a vontade de viver pode sustentar o processo da vida. As necessidades do corpo em energia podem ser reduzidas praticamente a zero durante um dado período de tempo. Sobreviventes dos campos de concentração alemães referiram que a vida, mesmo sob condições inumanas, valia a pena ser vivida. Em muitos casos, apenas este espírito lhes garantiu a sobrevivência.”
The U.S. Armed Forces Survival Manual- John Boswell, 1980

Há dias vi o novo filme de Danny Boyle (realizador do filme Quem Quer Ser Milionário?). O filme chama-se 127 Hours e conta a experiência verídica de Aron Ralston. Trata-se de um alpinista que certo dia numa das suas escaladas no Canyon cai dentro de um buraco estreito e profundo. A queda não lhe provoca grandes danos mas uma pedra acompanhou-o nessa queda e foi-lhe cair justamente em cima da sua mão e antebraço direito, prendendo-o com um peso enorme dentro daquele buraco. O filme chama-se 127 horas porque foi o tempo que ele teve nessas condições. Durante três dias ele tentou de várias formas sair daquela situação. A comida e a água que ele levava consigo foram acabando aos poucos e chegou a uma altura que ele tinha de beber a própria urina. Num último impulso de sobrevivência ele parte os ossos do seu braço e corta-o com um pequeno canivete que levava consigo. Depois disso ainda anda alguns quilómetros até encontrar alguém.
Causador de algumas náuseas em certas salas de cinema trata-se de um filme com imagens fortes e impressionantes. É daqueles filmes que nos faz pensar e que permanece em “digestão” algumas horas depois de vermos o genérico final. A sobrevivência é um instinto selvagem que faz parte do nosso ser assim como da grande maioria dos animais. Mas em situações tão adversas será que teríamos esta coragem? Eu sinceramente não sei, talvez seja daquelas coisas que só mesmo quem passa por isso pode dizer...
A vontade de viver e a vida que ainda estava à espera dele foram factores determinantes para a sua escolha de sobrevivência. Passado algum tempo ele conheceu o amor, casou e tem actualmente um filho. Continua a ser alpinista.

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